domingo, 22 de abril de 2012 | By: aldo_junior

Mais um perfume?



Ao som de um blues, e luzes que iluminavam a poeira que saía dos assoalhos do velho barzinho de bairro na cidade de buenos aires:

-voce teria compaixão de um homem amargurado que não quer que seu dia acabe como os outros?"

Ela balançava a perna vagarosamente quando ele se aproxima. Ao olhar pra ele sentiu algo diferente, mas sempre temos que seguir o nosso tesão?
- Por que a minha compaixão faria com que seu dia fosse diferente, senhor? Como poderia ajudá-lo?
Olhar banhado pela penumbra, inebriada pelo cheiro que ele exalava de pecado.
Com uma das mãos no bolso e fumando um marlboro com a outra, ele se aproxima e sente o cheiro do pó-de-arroz na face da moça.
- Algo me diz que voce já fez uma escolha, mas o fato é que só de eu ter o seu perfume em meu corpo essa noite faria com que meu dia fosse diferente de qualquer outro, pelo fato de ser você,  única .
Ela mantem a perna balançando e o olha por completo, imaginando o que ele poderia fazer por ela.
Com um meio sorriso (meio independente, meio rendido), ela dedilha o caminho do decote de seu vestido lenta e sutilmente.
- Agora diga-me... Que motivo seria tão forte a ponto de eu deixar o meu perfume em seu corpo, em sua cama, tantas vezes já usados?
(E a perna que continuava balançando triscava, às vezes na perna dele que estava perigosamente mais próximo)
ele pergunta se pode pagar algo para ela beber, talvez uma tequila e com um sorriso meio que malicioso no canto da boca ele fala:

-não há nada de tão forte que seja inesquecível, talvez pra você, eu seja mais um entre tantos que já tentou uma aproximação frustrada, e se eu não te impressionar mais do que esses outros, eu voltarei pra casa afetado pelo álcool como todos os dias em que voce não se fez presente, se bem que, certos momentos são memoráveis , o teu perfume na minha roupa , e na minha cama, logo cessará, mas a lembrança de uma noite acompanhado da moça mais sexy que eu já ví, eu teria guardado na memória juntamente com as outras memórias de um homem bem vivído.
- Suas palavras me impressionam, senhor. Mas qual a garantia que tenho de o senhor não está apenas gastando todo o seu estoque de expressões impressionantes e bonitas comigo por não ter funcionado com outra hoje? E como o senhor poderia garantir que a lembrança que o senhor deixará comigo também será de um momento memorável?
Ela passa a ponta da unha do indicador pelo peitoral dele, parando no botão de sua calça, em seguida levanta-se, afasta-o e vira-se novamente para o balcão do bar, dando-lhe as costas.
- A propósito - comenta em tom casual - eu vou aceitar a tequila.
Ele sorri novamente com um aquele clássico sorriso no canto da boca de malandro que sabe que a moça está caindo na sua lábia, olha pro barmam e diz: "pra mim, outra dose de whisky".
Ele olha para a moça e se aproxima tanto a ponto de ela se intimidar e recuar com medo dos seu olhos, os quais exalavam algo que ela não havia percebido, aquele olhar já falava o que ela queria ouvir, ela não precisava ouvir mais nada. E ele se aproxima mais ainda pra falar ao pé do ouvido dela.
- você não parece uma moça que tem medo de se arriscar.
E ele retrai com seu rosto colado no dela, e com os olhos nos dela...esperando ela demostrar algo mais...

A pele, o tom de voz, a roupa, o rosto, o olhar... Tudo num momento só e em resposta, seus pêlos eriçaram-se. O arrepio percorreu toda a sua espinha e sua paz de espírito.
Pôs o sal no dorso da mão, chupou-o lentamente como tudo que estava acontecendo ali e virou a tequila que há pouco havia sido servida. Serviu-se de um pouco de limão assim como fizera com o sal e encarando o conhecido estranho, confirmou a tese.
- Quem arrisca não só petisca. Serve-se à vontade.

A.J.R.S.